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Tudo vive no meio da terra

Brenda Ríos · Villa Olívia · 2024

Poesía

Tudo vive no meio da terra” é uma coletânea de poemas inéditos dividida em duas partes que transitam entre dois polos centrais: a ideia de paraíso e a ideia de amor.

Na primeira delas, o leitor acompanhará a chegada de uma estrangeira em uma ilha tropical e, tal como uma Robinson Crusoé contemporânea (urbana, demasiado urbana), viverá suas grandes e pequenas aventuras na tentativa de sobreviver à perigosa proposta de perfeição que a palavra “paraíso” encerra. Como uma terrível antropóloga amadora, a visitante explora a geografia humana e dela tira conclusões que nem sempre são felizes nem confortáveis – mas, convenhamos, o mundo não é sempre feliz, muito menos confortável, não é mesmo? Há a paisagem, o mar, a areia e os “filhos da terra” – o mesmo Outro que nos fala Sartre. E há também o amor, não nos esqueçamos disso: tão desgastado e, no entanto, gera uma vontade louca de dormir em suas águas inquietas, e abraçar tudo o que o corpo pode cobrir, e mais: não possuir nada nem ninguém, apenas lançar-se no vazio como uma estrangeira a visitar qualquer ilha do globo, seja ela real ou imaginária. Todos os paraísos dessa terra são projetados na paisagem monocromática para aquele que não é turista, não está de férias e de alguma forma mantém sua orelha grudada na areia ardente para ouvir sons que já existiam lá muito antes de todos nós. A segunda metade é composta de um diálogo ficcional e poético com Caio Fernando Abreu, escritor admirado por Brenda por sua intensidade e expressividade no campo das emoções. Trata-se de uma criação baseada em suas cartas que, aqui, adquirem caráter de um desfecho operístico para algumas ideias lançadas na parte inicial do livro. Afinal tudo vive no meio da terra. Inclusive, o amor.